segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ler é a maior diversão

Autores como Saramago, Gabriel García Márquez, Shakespeare, Tolkien, Tolstói, Victor Jugo, Jane Austen e Dostoiévski escrevem sobre as pessoas e seus sentimentos e reações. Claro que em seus livros somos apresentados a situações mas, no final, estas servem para mostrar quem são essas pessoas. No fundo, eles escrevem sobre quem nós somos.
Quando eu peguei o volume maravilhoso de OS DEMÔNIOS, da EDITORA 34 (que inclui nos apêndices o capítulo censurado na época do lançamento) não sabia o que esperar. Ao contrários dos outros grandes romances de Dostoiévski, esse é mais desconhecido. 
Pois bem, deparei-me com um livro que é um verdadeiro compêndio sobre o mundo em que vivemos. E mais! O meu querido autor russo conseguiu adiantar figuras como Hitler e Stálin, representados em Chigalióv e Piotr Stiepánovictch respectivamente.
Acho que o que fica, ao final da leitura, é de como as "patrulhas ideológicas" ainda existem e as formas como elas funcionam e pensam está descrita neste livro. E, claro, fiquei assustada. Um dia depois de ter sido bombardeada por toneladas de besteira ditas por Silas Malafaia no programa de Marília Grabriela e de ter assistido ao sensacional O MESTRE repito a enorme necessidade que temos em questionar. Questionemos os sistemas de crenças que conhecemos, que acreditamos, que vemos ao nosso lado. Questionemos e nos perguntemos: ele é bom? Quando eu falo de ser bom, falo em democracia, em liberdade, no DIREITO de cada um ser o que é, sem fazer mal a ninguém.
Ando muito temorosa com esse mundo nosso. Acho que cada vez mais a habilidade em pensar e em respeitar o próximo vem diminuindo. E os espertalhões usam Jesus, Deus, a Bíblia, o Socialismo e idéias variadas para criar uma "manada" e tudo isso por poder, por dinheiro.
Chigalióv, personagem de OS DEMÔNIOS, propõe que 9 décimos da humanidade seja transformado em manada, começando pelo rebaixamento do nível da educação. O outro décimo formaria a classe de líderes e trabalharia para o bem-estar da "manada", ao mantê-la ativa e produzindo. A cada 20 anos, mais ou menos, haveria confusão para a vida não ficar monótona. Sabem o que isso me lembra? Das idéias de Hitler, de Bush, de Chávez, de Silas Malafaia, de alguns membros do chamado Socialismo brasileiro, etc, etc, etc...
O tradutor do livro, o excepcional Paulo Bezerra, escreveu o seguinte no posfácio:

"(...)Enquanto a crítica fica na superfície do fenômeno e não percebe seus movimentos internos, procura reduzir a dimensão do caso Nietcháiev a um único episódio sem antecedentes nem consequentes, Dostoiévski o vê em seu contraditório movimento interior e mostra em Os demônios  como ideias grandiosas e generosas, uma vez manipuladas por indivíduos sem consistência cultural nem princípios éticos, podem se transformar na sua negação imediata, assim como a utopia da liberdade, da igualdade e da felicidade do homem pode degenerar na sua negação, no horror, na morte, na destruição. Ideias grandiosas não podem ser geridas por mentes pequenas que não fazem senão amesquinhá-las, por seres indigentes sem condição de compreender a essência profunda da natureza humana e prezar a liberdade do homem, por pessoas que fazem das ideias objeto de compra e venda, moeda de troca com farsantes, vendilhões de liberalismo ou gente que jamais teve qualquer apreço por elas. (...)
(...) É espantosa a atualidade de Os demônios. A despeito do avanço da democracia e do colapso do simulacro de socialismo no Leste europeu, sua leitura, hoje, dá a impressão de que não houve mudança profunda na essência das coisas e aqueles 'demônios' continuam soltos e agindo sob diferentes disfarces nos campos da direita e da esquerda, dos liberais e dos conservadores."

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